uma toalha pesada sendo sacodida com bastante força até que, em algum momento, aterrisa no lugar em que tem que estar. é essa a sensação – e a imagem – que define os últimos trinta e um dias pra mim. foi um mês de notícias difíceis. de alegrias profissionais. de conversas complicadas, pra dizer o mínimo. de conquistas coletivas. de epifanias. compartilho aqui o que tem me ajudado a atravessar essas águas estranhas, como diz essa música aqui – tão bonita quanto melancólica. a vida, né?
eu li
um livro brilhante de auto-ajuda. sim, auto-ajuda. Irmãs do Inhame, escrito pela bell hooks, é um grande manifesto para que mulheres negras – mas não só – primeiro encontrem um jeito de viver a vida, em vez de só passar por ela. e, que, sabe, vivê-la de um jeito melhor. trabalhando menos. se preocupando menos. sofrendo menos.
na edição de outubro da revista piauí tá cheia de textos bons. recomendo três:
o ensaio Nosso mundo, escrito pelo talentosíssimo Thallys Braga, em que ele conta o que ele e Édouard Louis, o garoto sensação do mundo literário, têm em comum. é um dos melhores textos que eu já li na imprensa brasileira.
o perfil de outro garoto sensação (risos nervosos), o deputado Nikolas Ferreira, traçado pelo João Batista Jr. a profecia do título é tenebrosa: A peça de reposição.
e a reportagem A Tropa da Mentira, em que o Bernardo Esteves narra o ataque coordenado pela extrema direita e as big techs a um laboratório brasileiro que monitora o uso das redes sociais.
eu ouvi
o podcast O Estranho Familiar, da Vera Iaconelli (produzido pela Casa do Saber e Trovão Mídia). a premissa é boa: pessoas que você talvez conheça falam sobre as próprias famílias. gostei muito dos episódios com a Fernanda Lima e a Andrea Del Fuego. acho que tem um tema em comum entre elas que me atrai: o que cada uma fez diante do luto.
a quarta temporada do podcast da Japan House SP, que olha com muito carinho pro que inspira o design japonês. os episódios tavam na minha listinha há um tempo (é um podcast produzido pela Novelo, afinal de contas rs), mas decidi ouvir agora porque meus encontros com a cultura japonesa sempre me dão um pouco de paz – coisa que eu (e todo mundo?) ando precisando.
aliás, se você ainda não viu o filme Dias Perfeitos… o faça. tá na Mubi também.
eu vi
Reality, disponível na Mubi. a história, a forma e a protagonista me chamaram muito a atenção. o roteiro foi feito inteiro com base nas transcrições que o FBI do interrogatório da Reality Winner – ex-tradutora da agência nacional de segurança dos Estados Unidos que vazou informações sobre a interferência da Rússia nas eleições presidenciais de 2016 ao site The Intercept. o filme tem 82 minutos e começa com a chegada do FBI na casa da Reality, que é interpretada pela Sydney Sweeney. se você quer uma prova de que menos é mais, tá aí.
obrigada por ler! 💌
Natália Silva | jornalista e editora executiva da Rádio Novelo