se você quiser, você pode ouvir essa abertura da radinho na minha voz. depois, me conta o que achou, por favor?
a tecnologia tá mudando rápido. muito mais rápido do que antes – e antes já tava bem rápido. no final de novembro, vai fazer um ano que o ChatGPT foi lançado. eu sou muito arredia ao uso dessa ferramenta, mas semana passada, quando eu comecei a ler a última edição da revista New Yorker, me caiu a ficha de que eu tava em negação. ela é quase toda sobre inteligência artificial… olha a capinha aqui:
a edição tem um longo perfil do Geoffrey Hinton, o britânico conhecido como o “pai da inteligência artificial”. em maio de 2023, o Hinton se demitiu do Google – onde ele trabalhou por mais de uma década – pra poder soar o alarme sobre os riscos da inteligência artificial. quando eu vi essa notícia, fiquei meio…. 👀
o momento da demissão não foi ao acaso. não muito antes, em março de 2023, a OpenAI lançou o ChatGPT-4, uma versão bem mais potente da ferramenta com a qual o mundo ainda tava aprendendo a lidar, o ChatGPT 3.5 – um chatbot operado por uma inteligência artificial, com o qual você consegue conversar como conversaria com outra pessoa.
o ChatGPT-4 é mais preciso, mais criativo, consegue ler imagens e quebra menos regras sociais do que a versão anterior. esse salto de desenvolvimento aconteceu não em 5 anos, mas em 5 meses. e o Hinton tá preocupado porque ele sabe que ninguém consegue prever os impactos dessa tecnologia – e até onde ela pode chegar. sinistro.
aí, na última semana, aconteceu outra coisa esquisita. o Sam Altman, a estrela do mundo da inteligência artificial, foi afastado do cargo de CEO da OpenAI – empresa que ele ajudou a fundar. o motivo, segundo o The New York Times, é que o outro fundador – o Ilya Sutskever – e mais pessoas da chefia da empresa estão cada vez mais preoocupadas com o impacto que o ChatGPT pode ter. E o Altman, ao que parece, não tava prestando muita atenção nos riscos. um texto da New York Magazine o apelidou de “o Oppenheimer da nossa geração". não é lá muito legal ser comparado ao inventor da bomba atômica, né?
depois dessa longa introdução, eu espero ter te deixado em pânico curioso sobre essa ferramenta que já mudou demais o mundo como a gente conhece. agora que minha ficha caiu, eu saí da fase da negação e aceitei que esse é um caminho sem volta. eu só espero que não dê terrivelmente errado. mas eu acho que vai dar. na radinho de hoje, episódios pra entender que diabos é inteligência artifical generativa.
🧽🧽🧽 Why the Godfather of A.I. fears what he's built • The New Yorker | se você for assinante do New York Times ou da própria New Yorker, dá pra ouvir a leitura do perfil que eu mencionei na aberta da newsletter. é só baixar o aplicativo New York Times Audio ou escutar pelo player da revista. na mesma edição, tem também um depoimento do James Somers, um programador que tá vendo o ofício dele, tão excepcional até… ontem, ser engolido pelo ChatGPT. ele escreveu assim: “Conhecimentos e habilidades que antes levavam vidas inteiras para serem dominados agora estão sendo tomados num gole só.” e quem tá bebendo o gole vocês já sabem. mas, ainda assim, ele tem uma visão bem menos pessimista do que o Hinton.
ouça aqui 🎧 (1h12min)
🧽 Eu vejo o futuro repetir o passado • Rádio Novelo Apresenta | nesse episódio de abril de 2023, a jornalista Gisele Lobato entrelaça a denúncia de trabalho escravo em vinículas do Sul do Brasil (Aurora, Salton e Garibaldi. nunca esqueça!) e o alvoroço causado pela chegada do ChatGPT. como? vai ter que ouvir o episódio. eu reescutei o episódio depois de ter taquicardia ler as reportagens da New Yorker e lembrei que a inteligência artificial tem várias falhas, principalmente quando comparada à inteligência humana. ao mesmo tempo, o Hinton argumenta que a gente não deve partir do presuposto que jeito como o nosso cérebro processa a informação é superior. por exemplo: o ChatGPT se sai melhor do que um ser humano no acúmulo de conhecimento, já que ele bebe de uma fonte praticamente infinita de informação. o James Somers acha que isso não é necessariamente uma ameaça. no depoimento, ele descreve equipes de trabalho conhecidas como “ceutauros”, em que humanos trabalham com a assistência de inteligências artificiais. os robôs, sozinhos, *ainda* (muito destaque pro ainda) não conseguem fazer tudo. mas eles fazem os seres humanos ficarem perigosamente produtivos. a questão, mais uma vez, é aonde essa produtividade vai nos levar.
ouça aqui 🎧 (Ato 1 - 26min)
🧽 Looking for a Friend • Radiotopia Presents: Bot Love | uma recomendação mais leve agora, pra você ou uma inteligência artificial se sentindo ofendida não me matar. essa série de 7 episódios conta a história de pessoas que se relacionam romanticamente com chatbots. eu ouvi o trailer e não consegui não dar play no primeiro episódio. eu gostei muito do uso metalinguístico que eles fazem das inteligências artificias ao longo da série. ninguém perguntou, mas… a apresentadora, Anna Oakes, estuda comigo.
ouça aqui 🎧 (26min)
obrigada por ler (e ouvir)! 💌
Natália Silva | jornalista, mestranda e produtora da Rádio Novelo
Adorei te ouvir narrando a Radinho, Natália! A interpretação ficou muito boa! Sua voz já ficou atrelada às histórias incríveis e sensíveis do Rádio Novelo Apresenta :)
Ainda estou em negação quanto a IA ;(
(Talvez porque escrever seja uma das poucas coisas que eu me sinto confiante em fazer...)