eu sou péssima em memorizar aspas. talvez seja por isso que eu tenha uma pequena birra de quem faz isso bem e consegue, no meio de uma conversa, lançar uma frase tirada de uma pastinha que não veio na minha configuração de fábrica. mas, fato é que, ensaindo várias aberturas possíveis pra essa edição (foram pelo menos seis versões rs), eu lembrei de uma aspa!
outro dia, não me pergunte por quê, meu namorado me contou de um princípio de treinamento de cavalos que podia ser aplicado a seres humanos: “faça coisa errada ser difícil e a coisa certa, fácil.”
cavalos, ao que parece, são mais preguiçosos do que mal caráter. se a coisa certa a se fazer for mais fácil, o farão. não é o caso da espécie humana, mas entre aqueles de bom caráter a técnica talvez funcione.
lá vai uma tentativa.
faça a coisa errada ser difícil: na última newsletter de 2024, eu falei sobre nossa relação esquisita com as redes sociais. eu já tinha limitado meu acesso usando o controle de tempo do celular e um aplicativo que me força a respirar 15 segundos antes de conseguir acessá-las. até agora, tem dado certo. eu cortei o tempo gasto pela metade e sinto que minha ansiedade melhorou um tiquinho.
e a coisa certa, fácil: eu baixei e paguei a assinatura (sim, medidas drásticas) de um aplicativo de meditação. dez minutos por dia tem feito diferença pra mim.
tem outras coisas da minha rotina que eu tenho tentado mudar. por exemplo: eu tinha o hábito de estar 100% do tempo ouvindo alguma coisa. quando não era um podcast, era alguma playlist daquelas “feitas pra você” do Spotify. naturalmente eu cheguei a conclusão que não tem como isso ser saudável e/ou sustentável pro meu pequeno cerébro.
agora, eu tenho tentado ouvir no máximo dois episódios por dia e deixei de lado as playlists automatizadas. tem algo sobre o design delas que incentiva esse ouvir-sem-fim. ao invés disso, eu escolhei três álbums pra escutar em janeiro. e vou fazer o mesmo nos próximos meses, tentando mesclar artistas que gosto com outros que eu ainda não conheço. pelo menos assim meu wrapped de músicas de 2025 não vai ter a mesma cara de 2024, que por sua vez é igual ao de 2023.
sejamos como os cavalos. preguiçosos de bom coração.
eu ouvi
é comum que entrevistados mintam e elogiem uma pergunta só pra ganhar um tempo pra responder uma pergunta meia boca. definitivamente não é o que acontece no podcast Talk Easy with Sam Fragoso. eu já ouvi alguns episódios e toda vez chega o momento em que o entrevistado diz “que boa pergunta!”. Sam & equipe claramente fazem a lição de casa e jamais perguntam pra uma pessoa o que poderiam perguntar pra qualquer pessoa. recomendo especialmente o episódio com a Jia Toletino e o Hilton Als – dois autores que eu muito admiro.
a conversa que a Camila Fremder teve com a Carol Pires e a Mayra Gaiato sobre autismo no podcast É Noia Minha? – que lembra como as crianças têm um montão a nos ensinar sobre como viver essa vida.
pela primeira vez na história da humanidade, eu ri ouvindo um episódio do The Ezra Klein Show, do NYTimes. foi durante uma conversa que ele teve com o apresentador Chris Hayes sobre como os democratas estão perdendo a batalha pela atenção. foi útil pra pensar em um montão de coisas que aconteceram no cenário político recentemente – tipo a mentira de que o pix seria taxado. se você rir, me conta. talvez tenhamos rido da mesma coisa.
aqui os três álbuns de janeiro: What Now, da Brittany Howard; All That You Can't Leave Behind, do U2; e Kaya N'Gan Daya, do Gilberto Gil.
eu li
o livro Caderno Proibido, da Alba de Céspedes – que me deixou pensando no quanto nós mulheres precisamos mentir pra nós mesmas pra sobreviver. cada vez menos, eu espero.
esse texto da Lucy Sante sobre o ofício da escrita: “I view sentences as stairsteps. In order to build the next step, you first have to make sure that you can bounce on the one below it. Each sentence generates the next, and in doing so creates a whole new set of questions. Every sentence has to be thoroughly examined for clichés, solecisms, inconsistencies, blather, repetition, off-register rhetoric, posturing, showing off, humblebragging, and pretending to know things I actually don’t.”
eu vi
esse site que reúne trabalhos artísticos que caíram no domínio público – que vai ser meu novo destino em momentos de procrastinação. lá eu achei uma coleção de ilustrações lindíssimas de pombos acompanhada da história de um cara apaixonado por eles; o primeiro filme do Mickey a apresentar a magia da sonorização pra um grande público; e fotos inacreditáveis de crocodilos brincando num escorredor em Los Angeles. você pode seguir a página no instagram pra deixar seu feed mais legal.
os vídeos da Paola Carosella dando dicas (não informes publicitários, mas sim dicas) do que é essencial você ter pra cozinhar melhor: aqui o de utensílios e aqui o de panelas. sim, contas bancárias foram feridas após estes vídeos.
eu tenho uma única resolução pra 2025: fazer um bom pão. na foto, o primeiro registro do meu fermento natural, feito seguindo a receita do livro “pão nosso”.
obrigada por ler! 💌
Natália Silva | jornalista e editora executiva da Rádio Novelo
Também estou nessa onda de limitar tempo de redes sociais e meditar. Essa reflexão sobre o silêncio também é bem interessante.
Feliz 2025! Curioso que vim ler sua newsletter após alimentar meus fermentos naturais (por aqui, resolucao de 2023) que vão ficar crescendo para comecar um pão mais tarde!